sexta-feira, 12 de agosto de 2016



    





         “LÁGRIMAS E SAUDADES”


Ah! Quanta saudade
Da  buzina dos circos
Dos vendedores de açúcar-doce
E amendoins açucarados.

E os cheiros que tinham no ar?
Cheiro de Natal, de Páscoa
De maçã doce
De balas e caramelos.

Cheiro diferente
Trazia à lembrança
Que algo de bom e gostoso
Estava para acontecer.

E as tardes-noites?
Com aquele céu avermelhado
Num prenúncio de que
A noite traria mil alegrias.

Sinto saudades da saudade
Dos meus pais à noitinha
Sentados na varanda
Cantarolando e assoviando músicas
Eternas de Vicente Celestino.

Quanto tempo se passou
Quantas lágrimas enchem
Esses olhos que buscam e rebuscam
Um passado longínquo
Que nunca mais irá voltar.

Ah! Quanta saudade!


JC BRIDON
               

                       

                             “O OUTRO LADO DA VIDA”


Meu eu interior saltou do seu cantinho, escondido que estava, e abrindo as janelas da incompreensão, viu-se diante de um espetáculo dantesco.
Seus olhos arregalados viam uma imensa planície, onde corriam soltos e livres belos exemplares de cavalos selvagens que, alegremente, troteavam naquele  gramado verde.
Para ele, quase sem fôlego, era a vida a se iniciar, pois tamanho esplendor só podia surgir Daquele que a tudo criara.
Olhou para os lados, para cima e para baixo e sentiu-se como que atraído por aquele belo momento.
Tudo o que via era maravilhoso.
Tudo que presenciava era digno de um céu.
Por isso, tomado por imensa felicidade, sentou-se, cruzou as pernas e ali permaneceu calado, somente contemplando a natureza.
Quantas e quantas vezes havia desejado estar num lugar assim, sem medo algum, sem tristezas, traumas, amarguras e infelicidades.
Quantas e quantas vezes pediu a Deus que o deixasse pelo menos, por alguns minutos, vislumbrar um pouco do que e como fora criado este tão belo Planeta.
Sentiu-se um felizardo.
Um alguém que conseguira ultrapassar as barreiras humanas e se encontrar frente a frente com o Criador e criação.
Tudo era simples mas, ao mesmo tempo, impressionante.
Nada de guerras, mortes, genocídios, fome e miséria, somente paz, aquela paz que tanto sonhara e agora vivenciava.
E, como aquilo lhe proporcionava um prazer indescritível.
Lembranças de tempos idos não lhe chegavam, pois o ainda desconhecido era como algo inatingível.
Ninguém havia lhe mostrado esse outro lado, essa outra face da vida.
Descobria por si só, por ter sido um aprendiz contumaz, que apenas vivia para os outros, ajudando e colaborando no que fosse possível e estivesse ao seu alcance.
Era, por assim dizer, um Assis dos tempos modernos.
Talvez, por isso Deus, em Sua infinita misericórdia, lhe proporcionava este inesquecível momento de glória.
Tinha agora a “certeza” de que o mundo, a vida, não acaba simplesmente quando um corpo deixa o outro e que chamamos de morte.
Não, havia algo mais e muito mais valioso do que tudo o que havia vivido até então.
Meu Deus, como estava feliz, como era feliz.
O momento, para ele, era mágico e que jamais iria esquecê-lo.
De repente, lá na frente, viu que alguém se aproximava.
Devagar, bem devagar, passo dado com muito cuidado, como se apenas flutuasse, algo se aproximava.
Sentiu um frio percorrer-lhe aquele corpo que vestia no momento e ficou somente a observar.
Nada do que via parecia fazer sentido mas sabia que, aquele algo ou alguém fazia parte de sua vida terrena e, aos poucos, sentiu um  aperto no peito, o coração começou a bater descompassado e apertando seus olhos sentiu que pequenas lágrimas começaram a escorrer por sua face.
Quando deu por si e olhando agora aquele vulto que se formava a sua frente, atirou-se em sua direção, abraçou-o carinhosamente e uma palavra, apenas uma palavra, conseguiu pronunciar, já que os soluços não o deixavam falar:
PAPAI!


JC Bridon                       



 “AMOR TERNO E VERDADEIRO” 



Sempre presente
Alardeando os buracos enegrecidos
Dos que buscam encontrar
O verdadeiro amor.

Talvez ele esteja presente
Dentro de uma bandeja de prata
Anunciando aos quatro ventos
O quão importante ele é.

Amar, sempre amar
Traz junto consigo a esperança
De que um novo amanhã
Permaneça sempre junto ao seu coração.

Nessa espera constante
De que algo sério e profundo
Possa fazê-lo enxergar a luz
Para tornar o outro feliz.

Juntos, assim, acabaremos
Como preferidos um pelo outro
Na esperançosa solução
De um amor terno e verdadeiro.



JC BRIDON





            “O POETA E A VIDA”
 

As lágrimas vertidas
De um poeta sonhador
Traduzem suas virtudes
No trilhar sereno da saudade.

Apagaram-se as mágoas,
Caiu a máscara das verdades
E o poeta, mais uma vez,
Transformou seu sonho em realidade.

Navegou por mares sem fim,
Elevou-se ao infinito dos céus,
Tocou de leve as estrelas
E pousou seus olhos no luar prateado.

De sonhador a criador
Transpôs sua própria visão
E deu um gigantesco salto
Na direção de seus anseios.

Agora, o poeta não mais sonhava
Com algo inacabado
Pois, finalmente, seus desejos
Tinham sido conquistados.


JC BRIDON